A COP 27 é a vigésima sétima edição da “Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática”. Neste ano, a conferência aconteceu na cidade de Sharm El-Sheikh, no Egito.
A defensores do planeta esteve na COP 27 representando a Rede favela sustentável e levando os questionamentos da zona oeste da cidade do Rio de janeiro, “Esta é região historicamente abandona pelas políticas públicas e que já vem sofrendo os impactos das mudanças climáticas, participamos da construção do plano municipal de desenvolvimento sustentável e ação climática do Rio de janeiro e consta o clamor por ações concretas para frear os impactos no território”. Afirma Mauro Pereira biólogo e diretor executivo da Defensores do planeta.
O foco continua o mesmo
Conter os efeitos das mudanças climáticas continua sendo a grande preocupação e o ponto central do debate, considerando as metas de redução da emissão de gases do efeito estufa. O assunto vem sendo abordado ao longo das edições anteriores e o desafio é que os compromissos sejam realmente cumpridos.
Em 2021, a COP 26 resultou em um documento chamado Implementação do Pacto Climático de Glasgow, que previa uma revisão das metas de redução de carbono até 2030 por todos os países que assinaram. O uso de combustíveis fósseis ainda é um peso enorme e, apesar do consenso a respeito da urgência climática, poucas decisões foram tomadas.
Perdas e danos
O tópico de “Perdas e Danos” teve grande importância nesta edição. Alguns países em situação de maior vulnerabilidade pedem compensação pelos danos causados pelos efeitos climáticos, como o avanço do nível do mar em seus territórios, além de chuvas e secas intensas. Apesar de não emitirem muito carbono, eles sofrem com esse tipo de problema e demandam ajuda internacional.
Sobre o financiamento climático para os mais vulneráveis não houve nenhuma definição, fora a ideia de que o impasse precisa ser resolvido. A União Europeia, por exemplo, propôs que seja criado um fundo especial para ajudar essas nações desde que seja financiado por “ampla base de doadores”, inclusive países emergentes que emitem muitos gases (como a China).
“É indispensável uma transição rápida e justa de substituição dos combustíveis fósseis. Precisamos de fato por em pratica os recursos financeiros prometidos aqui, pois infelizmente os países em desenvolvimentos serão os mais afetados com os impactos das mudanças climáticas, e isso já podemos sentir com as tempestades torrenciais na região costeira de Santa Cruz e Guaratiba no Rio de janeiro, ou seja teremos muito trabalho em Dubai”, conclui Mauro Pereira.
Temáticas presentes na COP 27
A programação foi intensa ao longo dos dias, com painéis que estimulavam debates relevantes para a população mundial. Alguns dos temas que nortearam os painéis foram:
Desmatamento nos biomas brasileiros, com destaque para a Amazônia.
Agricultura sustentável e adoção de práticas sustentáveis no agronegócio.
Segurança alimentar, principalmente para os países menos desenvolvidos.
Mercado de créditos de carbono e a garantia de um futuro mais verde.
Transição energética.
Impactos das mudanças climáticas na biodiversidade.
Igualdade de gênero e a participação da mulher na adaptação às mudanças climáticas.
Adaptação e resiliência às transformações promovidas pelas mudanças climáticas.
Participação brasileira
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva compareceu ao evento para reforçar o interesse do Brasil em participar ativamente do movimento climático. Segundo ele, “não há segurança climática para o mundo sem uma Amazônia protegida. Não mediremos esforços para zerar o desmatamento e a degradação de nossos biomas até 2030”.
Ele também falou sobre a criação do Ministério dos Povos Originários, que vai atuar na proteção das comunidades indígenas no Brasil, e aproveitou para pressionar os países mais desenvolvidos a respeito dos compromissos com o planeta.
COP 30 no Brasil?
Em seu discurso, Lula comentou ainda sobre o desejo de realizar a COP 30 no Brasil, na região da Amazônia. Se isso for confirmado, em 2025 poderemos recepcionar o evento:
“Acho muito importante que as pessoas que defendem a Amazônia, que defendem o clima, conheçam de perto o que é aquela região. É uma maneira de as pessoas discutirem a partir de uma realidade concreta, não só através de leituras.”
O que se sabe até o momento é que a próxima edição deve acontecer nos Emirados Árabes, em 2023. Mais uma vez, o país anfitrião estará no Oriente Médio, que é uma das regiões mais vulneráveis ao aquecimento global.
Como resultado, tivemos a confirmação da meta em limitar o aquecimento global em 1,5°C, mas várias questões permanecem em aberto sobre como alcançar esse objetivo de forma mais eficaz. Tal número foi definido no Acordo de Paris em 2015, quando as previsões alcançavam os 4,5 °C de aquecimento até o final do século. Apesar dos esforços para reduzir as estimativas e promover a descarbonização, as emissões de gases do efeito estufa ainda são consideráveis e não podemos dizer que será fácil manter o aquecimento em 1,5°C.
Regras financeiras
Os países doadores exigiram que o dinheiro canalizado para os países pobres esteja alinhado com as metas do acordo de Paris.
Alguns países em desenvolvimento têm resistido a isso, temendo que isso distraia as discussões sobre o dinheiro que os países ricos prometeram (mas até agora não entregaram) para ajudá-los a se adaptar às mudanças climáticas e reduzir suas emissões. Os negociadores em Sharm el-Sheikh não conseguiram chegar a um acordo sobre a questão e agora ela será retomada em Dubai, no ano que vem.
Em sua mensagem final, o secretário-geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, sintetizou o clima deixado pela COP 27, que prometia ser a “COP da Implementação”, mas falhou nesta sua meta.
“A COP 27 foi concluída com muito dever de casa a ser feito e pouco tempo para fazê-lo. Já estamos a meio caminho entre o Acordo Climático de Paris [2015] e o prazo de 2030. Precisamos de todas as mãos no convés para impulsionar a justiça e a ambição”, afirmou.