O que é o racismo ambiental e como ele afeta a população da zona oeste do Rio de Janeiro.

O termo racismo ambiental ou racismo meio ambiental foi criado pelo líder afro-americano de direitos civis Dr. Benjamin Franklin Chavis em 1981, em um contexto de manifestações do movimento negro contra injustiças ambientais nos Estados Unidos. O termo faz referência às formas desiguais pelas quais etnias vulnerabilizadas são expostas aos efeitos ambientais (indireta ou diretamente), já que esses grupos minoritários não fazem parte das tomadas de decisões, que muitas vezes está associada aos acordos de poder da elite dominante e das instituições que eles controlam, prejudicando pessoas pobres, pretas, periféricas e originárias, enquanto favorecem grupos que estão no topo da pirâmide social. As instituições governamentais, jurídicas, econômicas e políticas reforçam o racismo ambiental e estão diretamente atreladas no uso da terra, na aplicação de normas ambientais, onde serão criadas as industriais e, de forma particular, os lugares onde etnias mais vulnerabilizadas moram, trabalham e gozam do seu lazer. No Brasil, o termo também abarca regiões indígenas não demarcadas, favelas, áreas com alto risco de deslizamento de terra, áreas urbanas não atendidas por saneamento básico e áreas residenciais perto de lixões.

Segundo Robert Bullard – Sociólogo e Diretor do Environmental Justice Resource Center em entrevista à Revista Eco 21 “Este conceito institucionaliza a aplicação desigual da legislação; explora a saúde humana para obter benefícios; impõe a exigência da prova às ‘vítimas’ em lugar de às empresas poluentes; legitima a exposição humana a produtos químicos nocivos, agrotóxicos e substâncias perigosas; favorece o desenvolvimento de tecnologias ‘perigosas’; explora a vulnerabilidade das comunidades que são privados de seus direitos econômicos e políticos; subvenciona a destruição ecológica; cria uma indústria especializada na avaliação de riscos ambientais; atrasa as ações de eliminação de resíduos e não desenvolve processos precatórios contra a poluição como estratégia principal e predominante. A tomada de decisões ambientais e o planejamento do uso da terra em nível local acontecem dentro de interesses científicos, econômicos, políticos e especiais, de tal forma que expõem às comunidades de cor a uma situação perigosa.”

O município do Rio de Janeiro é separado em 5 Áreas de Planejamento (AP), e a maior delas é a AP5, que concentra diversos bairros da Zona Oeste. E essa também é a que mais sofre racismo ambiental. Um estudo feito pelo Trata Brasil mostra que quase 100% das moradias da AP5 e da cidade do Rio de Janeiro tinham banheiro de uso exclusivo dos moradores, mas apenas 82,9% das moradias da AP5 eram ligadas à rede geral de esgoto ou à rede pluvial. Enquanto nas demais AP’s, 93,6% das moradias estavam ligadas à rede geral de esgoto ou à rede pluvial. Mas, não para por aí, a situação fica mais precária quando apenas 32,3% (Barra de Guaratiba) e 51,5% (Guaratiba) das moradias são ligadas à rede de esgoto, isso quer dizer, que é bastante comum ver esgoto à céu aberto nesses territórios, assim como vemos em sub- bairros como o Aço, Urucânia, Cesarão, João XXIII, Guandu, Alvorada e o bairro de Deodoro. E isso pode ocasionar diversas doenças como hepatite, leptospirose e cólera.

Saneamento básico e saúde são complementares, então quando há um porcentual tão baixo de moradias que são ligadas à rede de esgoto significa que estamos falando do racismo ambiental, já que o atraso das eliminações de resíduos é a estratégia principal de dominância da elite, acobertada pelo poder público, que tende a ignorar seus cidadãos periféricos. Além disso, também podemos ver a falta d’água por vários dias consecutivos, ou a presença dela com gosto e odor fora do comum graças a geosmina em bairros como Campo Grande, Santa Cruz e Guaratiba como uma agressão racista aos seus cidadãos, ainda mais em plena pandemia, onde uma das formas mais eficazes de impedir a contaminação é levando as mãos com água e sabão.

A Defensores do Planeta é membro do conselho municipal de meio ambiente da cidade do  Rio de janeiro (CONSEMAC), onde vem questionando como é tratada a questão do saneamento básico na zona oeste do Rio, atuamos também no comitê de bacia hidrográfica da baia de Guanabara e recentemente fomos eleitos como titular no comitê Guandu. Estamos neste espaços para trabalhar a gestão hídrica e a questão de saneamento básico em nosso território, atuamos para implementação da agenda 2030 com foco no ODS 6 –  água limpa e saneamento básico, este ODS tem como meta alcança o saneamento básico e a água limpa até o ano de 2030, coisa difícil de se atingir,  por exemplo: estamos em um período de pandemia e bairros como Guaratiba e Santa cruz, bairros que tem um menor IDH (índice de desenvolvimento humano)  na região , e não tem uma cobertura de 100% de saneamento básico ou água limpa para manter o asseio neste período crítico, o que só  demostra o grande retrocesso neste direito humano na zona oeste do Rio. A ONU reconheceu em 2010 água como um direito humano logo ela não deve ser mercadoria e tem que ser um direito de todos.

A defensores do planeta vem denunciando dentro e fora do brasil todo esse desrespeito para com a população da zona oeste, mas não podemos fazer isso sozinhos, cobrem dos líderes políticos por mudanças efetivas no sistema de saneamento básico e na distribuição d’água de qualidade, e para além disso, acompanhe nosso site e nossas redes sociais para ficar mais atento no que acontece no nosso território.

FONTES

96.5, TUPI.FM. Cedae promete, mas não normaliza fornecimento de água na Zona Oeste e na Baixada Fluminense. Disponível em: https://www.tupi.fm/rio/cedae-promete-mas-nao-normaliza-fornecimento-de-agua-na-zona-oeste-e-na-baixada-fluminense/. Acesso em: 5 fev. 2021.

ECYCLE. O que é racismo ambiental e como surgiu o conceito. Disponível em: https://www.ecycle.com.br/8123-racismo-ambiental.html?fbclid=IwAR3YSbqH6GjnwU9nyRdj9QhXugPrV9IPsg8rXs-p6b-T-yUVV2ntdCePlwo. Acesso em: 4 fev. 2021.

EU, RIO. Pandemia encontra favelas e bairros sem água – Eu, Rio! Leia mais: https://eurio.com.br/noticia/12715/pandemia-encontra-favelas-e-bairros-sem-agua.html. Disponível em: https://eurio.com.br/noticia/12715/pandemia-encontra-favelas-e-bairros-sem-agua.html. Acesso em: 3 fev. 2021.

FOSSA TRAT. Doenças causadas pelo esgoto: patógenos de transmissão hídrica. Disponível em: https://fossatrat.com.br/6-principais-doencas-causadas-pelo-esgoto-saiba-mais/. Acesso em: 5 fev. 2021.

QUEBRADA POD. Racismo Ambiental na Quebrada. Disponível em: https://open.spotify.com/show/2fIqWYLr5Ty7LXfyxdSUjV?si=aPlN7PZdRHm128c2ndnG2g&nd=1. Acesso em: 4 fev. 2021.

REVISTA ECO – 21. Ética e racismo ambiental. Disponível em: http://www.eco21.com.br/textos/textos.asp?ID=996. Acesso em: 3 fev. 2021.

TRATA BRASIL. BENEFÍCIOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E AMBIENTAIS DA EXPANSÃO DO SANEAMENTO NA AP-5 DO RIO DE JANEIRO. Disponível em: http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/estudos/besa-rj/relatorio-final.pdf. Acesso em: 5 fev. 2021.

Autores:
Glaucio Henrique Evangelista de Freitas
Mauro A. S. Pereira

Inscrições – Diálogos da Juventude 2030

Estão abertas as inscrições para o projeto Diálogos da Juventude 2030, este projeto tem a finalidade de incluir a juventude nas discussões, implementação, ações, monitoramento e na co criação de projetos socioambientais com foco nos ODS no território da zona oeste do Rio de Janeiro. Esta é uma parceria da Defensores do Planeta com as Nações Unidas e o Ministério de Meio Ambiente da França.
Se você tem entre 15 ou 29 anos e se interessou, se inscreva enviando um e-mail com seu nome, idade, endereço e telefone para o e-mail: contato@defensoresdoplaneta.org.br
Venha ser parte da Agenda 2030 e desta forma não queremos deixar você para trás.

Dia Mundial de Proteção aos Manguezais

No dia 26 de julho de 2019 é comemorado o Dia Mundial de proteção aos manguezais. Neste contexto, o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) juntamente com a equipe gestora da Reserva Biológica de Guaratiba, abriram as portas da REBIO, usualmente restrita ao público, para atividades de cunho educativo em comemoração a data.
A Defensores do Planeta esteve presente a este evento, onde puderam ser discutidos assuntos socioambientais preservacionistas importantes para a região de Guaratiba e para a Zona Oeste do Rio de Janeiro voltado para a integração da sociedade civil em “conhecer para preservar”.  A Coordenação da Juventude participou junto aos seus voluntários nas atividades propostas e as visitas técnicas.
Ao decorrer do evento, foram feitas atividades em campo aberto, onde guias levaram a sociedade civil a aulas de compreensão à importância dos manguezais e a preservação deste ecossistema riquíssimo em diversidade de fauna e flora.Continuar lendo

Fórum de Juventude: Agenda 2030 – Rio

No dia 20 de março de 2019 foi realizado o Fórum da Juventude: Agenda 2030 – Rio, sendo um espaço político participativo onde a juventude do Rio de Janeiro se reuniu para discutir os enfrentamentos e desafios da implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no território. Com ampla faixa etária e diferentes escolaridades, a plenária detinha uma composição plural com jovens de diferentes instituições (Escolas Municipais, Estaduais, Institutos e Colégios Técnicos, Universidades, ONG, Coletivos, etc.). O evento foi sediado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, localizada na Baixada Fluminense.Continuar lendo

Participação no XIII Congresso Estadual de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Agroecologia da APEDEMA-RJ.

Durantes os dias 23, 24 e 25 de Novembro, o Diretor Executivo e os Coordenadores de Juventude da ONG Defensores do Planeta estiveram no X Encontro de Educação Ambiental da Serra dos Órgãos, seguido pelo XIII Congresso Estadual  de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Agroecologia da APEDEMA-RJ, realizados no Parque Nacional Serra dos Órgãos.

Nossos Coordenadores estiveram no local apresentando o trabalho intitulado:

“Mini-Cop: Educação em Mudanças Climáticas”, mostrando os resultados alcançados pelo projeto MiniCop, uma iniciativa da ONG Defensores do Planeta em correlação com os ODS 4 (Educação de Qualidade) e 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima) que visa levar informação e formação sobre Mudanças Climáticas às escolas do Estado do Rio de Janeiro.

Como também, os coordenadores estiveram realizando uma atividade de Educação Ambiental pelo Parque Nacional com uma escola da região serrana e participando da mesa de abertura do Congresso enfatizando a participação da juventude em políticas públicas. Nosso Diretor Executivo esteve presente palestrando sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

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Poluição Plástica é tema do Dia Mundial do Meio Ambiente

A poluição plástica é atualmente uma das principais causas de danos ambientais, sendo os comportamentos e hábitos antrópicos o maior responsável pelos prejuízos causados ao meio ambiente e à saúde humana. Hoje, a produção de plásticos e o descarte inadequado do material tem crescido graduadamente, tendo como destinação final os corpos hídricos, mais que a metade desse plástico produzido.

Segundo o Relatório do Programa Ambiental da Organização das Nações Unidas (UNEP), 80% do lixo encontrado nos oceanos é plástico. São cerca de 13 milhões de toneladas despejadas no mar anualmente. Todo esse plástico entra nas correntes marinhas que circulam em grandes ilhas flutuantes de lixo poluindo praias e ilhas antes de alcançar o fundo do mar.

Um estudo do Fórum Econômico Mundial revela que em 2050 haverá mais plástico que peixes no mar. Somente no ano de 2015, 448 milhões de toneladas de plástico foram produzidos, isso é três vezes mais que o produzido na década de 60.

A maneira como consumimos também afeta os números do lixo plástico nos oceanos. Hoje, um dos principais vilões são as micropartículas plásticas encontradas em produtos de higiene, tais como cremes, sabonetes e pasta de dente. Também são encontradas na composição de produtos de moda, roupas feitas a partir de tecidos sintéticos que lançam no sistema de esgoto anualmente em torno de 30 mil toneladas de fibras sintéticas. Micropartículas plásticas não são biodegradáveis e podem ficar nos oceanos por centenas de anos. Há mais de 51 trilhões de microplásticos nos mares, e muito deles são ingeridos por animais marinhos, muito deles em extinção.

Estudos da Ocean Conservancy indica que 100% das tartarugas coletadas e amostradas tinham plástico no conteúdo de seu estômago. Recentemente, uma baleia da espécie cachalote, foi encontrada morta e encalhada na costa de Múrcia, na Espanha, com o equivalente a 29 quilos de sacolas plásticas em seu estômago. E não é só isso! Centenas de albatrozes morrem em ilhas do Oceano Pacífico Norte por ingestão de plásticos.

Diante dos problemas ambientais causados pelo plásticos, diversas organizações, pessoas e países tem se sensibilizado para reverter esses problemas. Aqui no Brasil, está em tramitação o Projeto de Lei do Senado de n° 92 de 2018, que dispõe da obrigatoriedade da utilização de materiais biodegradáveis na composição de copos, talheres, bandeja e pratos descartáveis; e o Projeto de Lei do Senado n°263 de 2018, que dispõe da proibição da distribuição de canudos e sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais e da fabricação de produtos de higiene que tem em sua composição microplásticos.

O mês de junho data o Dia Mundial do Meio Ambiente, dia instituído em 1974 pela ONU para sensibilizar sobre a proteção da natureza. E este ano vem com o tema “Acabe com a Poluição Plástica” para conscientizar sobre a necessidade e a importância da preservação dos ecossistemas marinhos. Muitas organizações promoverão atividades e manifestos no dia 05/06 (Dia Mundial do Meio Ambiente) e ao longo da semana em todo o mundo. A Defensores do Planeta também não ficará fora disso!

Nós promoveremos uma Limpeza na Praia da Ponta Grossa, localizada na Pedra de Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro. Uma praia com uma riquíssima biodiversidade e uma vista linda para o mar, mas que está cada vez mais assolada pelo lixo. Além de participar de grandes eventos como a Marcha pelos Oceanos que ocorrerá no Leme, no dia 09 de junho

Cada vez mais pessoas estão engajadas em reverter a poluição marinha e somente a ação coletiva é capaz de alcançar os objetivos. Então não deixe de fazer sua parte, conscientize-se!

Autor: Kaique César de A. Bragé ; Voluntário, membro da Equipe Jovens em Ação.

Fontes: ONU – CleanseasANDAClimatologia Geográfica.

DEFENSORES NO FÓRUM SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA AMÉRICA LATINA

 

Entre os dias 18 e 20 de abril, aconteceu a segunda reunião do Fórum dos Países da América Latina e do Caribe sobre o Desenvolvimento Sustentável, que reuniu representantes de governos, empresas, instituições e a sociedade civil para revisar os avanços e as dificuldades na implementação da Agenda 2030 na América latina. O fórum que pelo segundo ano esteve sobre a presidência do México, reuniu representantes para debater metas comuns no processo de aplicação dos ODS. Sendo inicialmente pensado para reafirmar o compromisso e fidelidade dos governos latinos e do Caribe no cumprimento da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, afim de fomentar o debate sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a participação na sua implementação.
Nesta segunda reunião, sediada pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), foi apresentado o Segundo Relatório Anual sobre o Progresso e os Desafios Regionais da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável pela CEPAL.

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