Firmando seu compromisso com o meio ambiente, sustentabilidade e educação ambiental, a ONG Defensores do Planeta realizou uma ação com o intuito de identificar e dialogar sobre os conflitos socioambientais ocorrentes nas regiões costeiras do Estado. Iniciamos assim o projeto intitulado como ‘’Diálogo pelos Oceanos’’, que tem como fundamento o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de número 14: Vida nos Oceanos.
Iremos percorrer a região costeira do Estado do Rio de Janeiro promovendo o Diálogo, a Escuta e Ação referentes aos conflitos costeiros, priorizando o diálogo com as comunidades tradicionais.
Deste trabalho será resultado um Relatório sobre as regiões costeiras do Estado do Rio de Janeiro a ser apresentado na Conferência dos Oceanos, evento organizado pela Nações Unidas que será sediado em Lisboa – Portugal.
Mesmo o mundo se encontrando em um cenário pandêmico, a Defensores do Planeta, que há 20 anos vem trabalhando em causas socioambientais no Rio de Janeiro, não fez diferente neste dia 26 de Setembro.
Também decididos a comemorar o Clean Up Day (9 de setembro), no dia 26/09, a ONG realizou uma ação na Área de Proteção Ambiental (APA) das Brisas, localizada no bairro de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, por muitos ainda desconhecida.
Seguindo as recomendações da OMS nessa luta contra o COVID-19, ao chegar ao local da ação foram distribuídos de imediato kits de álcool em gel e máscaras para a proteção dos presentes. Com isso foi possível, ao longo do dia, ter uma aula de educação ambiental com profissionais da área, reconhecimento de seus componentes bióticos (fauna e flora) e, respeitando o distanciamento social nas condições cabíveis, os voluntários da ONG junto com os convidados presentes realizaram uma limpeza de resíduos descartados inadequadamente ao longo da praia.
No que tange as variedades de resíduos coletados, os objetos variam entre aparelhos e pedaços de lixos eletrônicos à remédios usados. No que se refere ao ranking de resíduos, destacam-se: em primeiro lugar as grandes quantidades de vidro e garrafas de bebidas alcoólicas. Em segundo, inúmeros plásticos de usos diversos como copinhos, talheres e pratinhos. E por último, mas não menos importante, tampinhas de garrafas pet, pasta de dente e tachinhas.
A participação de todos se torna de extrema importância, visto que o planeta em que vivemos é de responsabilidade de todos. A quantidade de objetos que retiramos completaram 6 sacos de lixo com grande capacidade e outros 3 excedentes, improvisados com sacolas, que foram prontamente identificados e coletados pelo órgão público de limpeza.
Por se tratar de uma Área de Proteção Ambiental, por ser uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável, esta permite uma relação homem e meio ambiente direta, sendo assim, aberta a população da região para o uso sustentável de seus recursos. Entretanto, historicamente a APA vem sofrendo uma série de desequilíbrios ecológicos oriundos do uso desordenado de seus recursos e do mal gerenciamento visando a conservação de sua diversidade biológica.
A introdução de espécies invasoras como a Amendoeira-de-praia (Terminalia catappa), foi algo discutido durante a ação. Esta planta possue rápida propagação e resistência às condições da região, desenvolvendo-se rapidamente em solos de alta salinidade onde acabam competindo diretamente com espécimes nativas.
A atividade teve como objetivo não só promover a limpeza do ecossistema costeiro, mas também provocar a sensibilização da população que por ali vive e realiza suas atividades de subsistência e lazer, como a pesca de diversos animais marinhos como múltiplos peixes e mariscos, conhecido também como mexilhão. O uso desordenado dos recursos pesqueiros deve vir a ser encarado como um risco para o ecossistema da APA, visto que implica diretamente na diminuição da população de crustáceos e peixes.
A APA das Brisas apresenta três fitofisionomias distintas, Manguezal (flora característica da região), Restinga (espaço geográfico arenoso) e Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, esta última sendo um dos últimos remanescentes florestais do Rio de Janeiro. Vale ressaltar que apesar dos mais de 30 anos de criação, a APA não possui plano de manejo gestor da área.
Essa expedição e experiência realizada pela ONG Defensores do Planeta demonstra o desconhecimento dos visitantes sobre os impactos dos resíduos por eles deixados para com o meio ambiente. O descarte adequado de lixo compromete, e muito, a vida de toda diversidade biológica encontrada nas áreas de proteção, e essa não seria exceção. Por isso, fazemos o acompanhamento dessas áreas protegidas e promovemos, com afinco, a educação ambiental, direcionadas para o diálogo, com os moradores e as populações tradicionais dessas regiões.
Por fim, a Defensores continuará lutando diariamente para sua conservação, pois reconhece seu valor histórico, cultural e ambiental, visto que essa expedição e experiência realizada pela ONG constata que as pessoas estão negligenciando não só a APA das Brisas, mas o meio ambiente como um todo.
Em atenção, publicaremos um relatório sobre a caracterização ambiental da APA, onde colocaremos por miúdos os pontos preocupantes vigentes. Coletivamente, vamos elaborar um documento sobre as Zonas Costeiras do Rio de Janeiro que será apresentado na Conferência dos Oceanos que se realizar-se-á em Lisboa conferido pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Autores:
Pedro Lucas Vieira da Silva
Davi Barboza Brum Ferreira.