Poluição e aquecimento dos oceanos são temas de conferência da ONU

Em junho, deve acontecer em Nova York a primeira Conferência das Nações Unidas sobre oceanos. O encontro pretende discutir e apoiar a implementação do SDG 14, a meta 14 do desenvolvimento sustentável, que se refere à conservação dos mares e recursos marinhos.

Os temas principais serão a poluição marinha, a crescente quantidade de plástico presente nas águas, a sobre pesca, a acidificação, o aquecimento provocado pelas mudanças climáticas e a necessidade de criar zonas de proteção em parques nacionais marinhos.

Na nota preparatória para a conferência, o comitê da ONU responsável pelo evento ressalta que mais de 80% da poluição marinha é derivada de fontes terrestres como descargas ribeirinhas, escoamento agrícola e industrial, descargas urbanas, águas residuais municipais ou industriais, deposição atmosférica, despejos ilegais ou indiscriminados, além de acidentes com navios e plataformas.

A densidade populacional nas zonas costeiras é muito mais elevada do que nas zonas mais afastadas do mar. A urbanização acelera ainda mais a tendência, potencializada pelo aumento previsto da população mundial. O escoamento das águas residuais, a poluição causada pela carga de nutrientes e as descargas de resíduos sólidos, plásticos e microplacas são grandes ameaças.

A falta de sistemas de esgotos e de tratamento de águas em grandes assentamentos urbanos continua a ser fatal para a saúde dos mares. Novas tecnologias de tratamento de efluentes e processos de gestão de resíduos podem ser capazes de minimizar os problemas, mas seus custos tendem a ser altos demais para países em desenvolvimento.

O consumo e a produção sustentáveis teriam impacto poderoso neste contexto. Práticas de economia circular que dizem respeito à maior eficiência do uso de recursos, à reciclagem e à minimização de descargas nocivas para o meio ambiente seriam armas importantes.

GRANDE MIGRAÇÃO DOS PEIXES

Reportagem do “The Guardian” de 8 de janeiro mostra como o aquecimento do mar está forçando os peixes a buscarem novas águas a centenas de quilômetros das águas nativas. Duas consequências importantes e conectadas: a invasão de peixes e mariscos de áreas mais quentes nas zonas mais frias e o sumiço de certas espécies de suas antigas áreas de pesca.

A elevação da temperatura do mar provocada pela mudança climática pode causar grandes danos à indústria pesqueira, aos governos e às comunidades que têm na pesca sua única fonte de alimento, principalmente nos países tropicais.

Além da pesca excessiva e do aquecimento da temperatura do mar, a fauna marinha enfrenta também a acidificação das águas, provocada pelo aumento das quantidades de dióxido de carbono proveniente da poluição atmosférica e absorvido pelos oceanos. A formação de conchas de moluscos e esqueletos externos dos crustáceos é interrompida pelo processo de acidificação das águas.

No ano passado, lembra a reportagem, o aumento da acidez destruiu partes da Grande Barreira de Corais da Austrália, o que levou os biólogos marinhos a alertarem que os recifes de coral correm risco fatal até o final do século, mesmo que as emissões de dióxido de carbono sejam mantidas em níveis baixos nas próximas décadas.

O texto termina em tom de alerta: “Os oceanos do mundo estão se aquecendo, com aumentos de temperatura de vários graus sendo previstos para o final do século. Inexoravelmente, os estoques de peixes serão empurrados mais adiante para latitudes elevadas, minando tentativas de gerenciamento e proteção, enquanto a composição da pesca local sofrerá mudanças drásticas. O estresse de um dos recursos mais importantes do mundo vai ser intenso. A grande migração de peixe começou”.

” Estaremos lá propondo maior atenção do governo brasileiro no que se refere a proteção dos oceanos, precisamos de uma politica nacional de oceanos e da criação de mais áreas marinhas protegidas, (AMP), pois 80% das espécies exploradas pela pesca comercial estão ameaçadas de extinção e apenas 0,4 % dos 8.600 Km da costa fazem parte de áreas marinhas protegidas,  também  exigiremos do governo do estado do Rio de janeiro ações concretas para conter a poluição da baía de Sepetiba.” Afirma: Mauro Pereira biólogo e diretor executivo da Defensores do planeta.

Fonte: Folha de São Paulo