COP 22 reforça acordo para tornar os países menos poluentes.

 

As negociações de quase 190 países se encerram nesta sexta-feira (18) em Marrakesh na conferência climática da ONU, sem avanços, mas tendo reafirmado a sua determinação em aplicar o Acordo de Paris, apesar da incerteza criada pela eleição do cético do clima, Donald Trump.

Como garantir que os US$ 100 bilhões anuais prometidos aos países em desenvolvimento serão aplicados em 2020? Como preparar a cúpula de 2018, quando a primeira avaliação das ações dos países deve ser feita?

Quais informações os Estados terão de fornecer sobre a sua política de ação climática para tornar o processo o mais transparente possível?

No Acordo de Paris, assinado em 2015, a comunidade internacional estabeleceu uma meta de conter o aumento global dos termômetros “bem abaixo dos 2°C” e revisar para cima os compromissos dos países, atualmente insuficientes para atender este limite.

Os países desenvolvidos também se comprometeram a ajudar os países em desenvolvimento a limitarem as emissões de gases do efeito estufa e a se protegerem dos impactos do aquecimento (secas, inundações, elevação do nível do mar, entre outros).

O apoio, além de financeiro, abrangerá também a transferência de tecnologia e conhecimento.

Podemos ver nesta COP que os países estão fechando o cofre no que diz respeito ao fundo do clima, mas frente as ações das mudanças climáticas, precisamos agir de forma enérgica e rápida, pois os países em desenvolvimento vão precisar de ajuda, pois  eles não foram os grandes causadores deste problema. Afirma: Mauro Pereira, diretor executivo da Defensores do planeta.

Em Marrakesh, além das questões processuais essenciais com mais de 190 países ao redor da mesa, o financiamento tem sido uma questão sensível.

“Há um monte de projetos de adaptação que precisam de financiamento, e isso é um dos pontos de discussão nesta COP”, concordou nesta sexta-feira Salaheddine Mezouar, o ministro das Relações Exteriores marroquino, que preside os debates. “Marrakesh ajudou a fazer com que a questão seja tida em conta”, acrescentou.

Para defender sua causa, os países em desenvolvimento destacam a última avaliação do Programa Ambiental da ONU, que estima as necessidades para as ações de adaptação em entre US$ 140 e US$ 300 bilhões por ano até 2030.

Na “proclamação de Marrakesh”, publicada quinta-feira e aprovada por todos os Estados, figura um apelo para “aumentar o montante, os pagamentos e o acesso ao financiamento para projetos climáticos”.

“Nós, chefes de Estado, de Governo e delegações reunidos em Marrakesh (…) solicitamos um compromisso político máximo para a luta contra as mudanças climáticas”, afirma o texto.

Esta declaração é também uma resposta à eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, que chamou as mudanças climáticas de farsa durante sua campanha.

No momento em que as discussões técnicas acabavam de começar, a eleição de um presidente americano “climatocético” foi um choque para os negociadores, que queriam celebrar a entrada em vigor do Acordo de Paris, efetivo desde 4 de novembro.

Mas a ansiedade e uma vontade inabalável de seguir em frente superou os temores.

O Reino Unido ratificou o Acordo de Paris na quinta-feira, elevando o total de países que o fizeram para 111.

O Brasil participou da COP com 271 delegados, entre representantes do governo, da academia, de entidades privadas e de organizações não governamentais. No total, foram 87 participantes ligados ao governo – incluindo 16 parlamentares – e 184 da sociedade civil.