Uma fístula obstétrica é um buraco formado entre a vagina e a bexiga, ou canal retal, através do qual a urina e fezes escapam continuamente . São lesões devastadoras, resultantes de complicações no parto que afetam mais de dois milhões de mulheres no mundo.
O acompanhamento multiprofissional multidisciplinar com gestantes no pré natal previne a ocorrência de fístulas obstétricas, e ao mesmo tempo tratam essas mulheres através de suporte técnico com equipes : Médicas, de enfermagem e demais profissionais, assim como em muitos casos a ajuda de voluntários que recebem capacitação em determinadas regiões, os quais dedicam se na prestação coletiva, visando o bem comum. Essas mulheres recebem tratamento clínico e apoio psicológico para reconstruírem suas vidas.
Qualquer mulher é suscetível a fístula obstétrica. Na maioria dos casos,as ocorrências são registradas com maior incidências em países africanos onde onde essas mulheres ficam segregadas do seu grupo social de convívio. Este problema não é divulgado, fica amplamente escondido, e que afetam jovens mulheres que dão a luz em casa em regiões remotas e pobres com acesso limitado aos serviços de saúde, especificamente materna.
CAUSA
As ocorrências, praticamente todas, são resultantes de partos complicados (partos obstrutivos). Principalmente em regiões remotas em África sem acesso aos serviços de assistência básica em saúde, emergências de cesarianas, médicos, enfermagem, parteiras, a cuidados obstétricos. Complicações podem prolongar o parto por dias. O que poderá ocasionar o óbito do bebê, da mãe e /ou de ambos. E sobrevindo tais dificuldades, a parturiente guardará em si lesões permanentes ao final do parto.
DINÂMICA (CAUSA E EFEITO)
No momento do parto do bebê, o nascimento pode ser interrompido devido ao tamanho da cabeça da criança, sendo muito grande para a pélvis da mãe, ou mesmo ao tamanho da pélvis que pode ser muito pequena. Também pode ocorrer interrupção se o útero não estiver contraindo adequadamente.
Enquanto a cabeça do bebê pressiona uma parte do canal do parto, o tecido de revestimento eventualmente morre criando um buraco, a fístula, é uma conexão anormal entre a vagina e a bexiga, a vagina e o canal retal, ou ambos. Essa ruptura não se recupera sozinha, depende então de intervenção cirúrgica. Embora haja casos registrados por cirurgiões que também tratam em pequeno número de ocorrências de fístula obstétrica resultantes de violência sexual extrema.
Vejam as imagens :
Pelve FEMININA (Corte sagital)
1 – Sacro; 2 – Ureter; 3 – Útero;
4 – Fundo de Saco Posterior; 5 – Reto;
6 – Colo uterino; 7 – M. Elevador do ânus;
8 – M. Esfíncter Interno do ânus; 9 – ânus;
10- Vagina; 11- introito vaginal; 12- Diafragma urogenital;
13- Pequenos Lábios; 14- meato uretral;
15- Grandes Lábios; 16- Clítoris;
17- uretra; 18- Sínfese Púbica;
19- ligamento Redondo; 20- Bexiga;
21- Trompa de Falópio; 22- Ovário; 23- ligamento do ovário.
Imagens cedidas POR Libbs Farmacêutica www.libbs.com.br
SINTOMAS
Devido a ruptura física local criada para a bexiga ou para o reto, uma mulher com fístula vai sofrer com a constante incontinência urinária e fecal através da vagina. Os fluidos causam odor desagradável e podem causar ulcerações e queimaduras nas pernas da mulher. Geralmente a ingestão hídrica dessa mulher é reduzida drasticamente, pois esta tem como finalidade reduzir o fluxo de urina, o que pode resultar em doença renal, calculo renal.
Devido aos sintomas físicos, elas são constantemente excluídas pela comunidade, e abandonada por seu marido que vai em busca de uma mulher mais jovem. Durante o parto as complicações podem causar por vezes danos nervosos, ocasionando a paralisia de uma ou ambas as pernas da mulher ou dificuldade para flexionar os pês (denominada “pé caído”).
Esses problemas podem isolar ainda mais a mulher, podendo levá-la a desnutrição e a sua exclusão social, ou a morte.
TRATAMENTO
Cuidados obstétricos de qualidade, as fístulas podem ser prevenidos. Em países desenvolvidos, a condição desapareceu.
Em alguns casos, um procedimento cirúrgico de menor potencial em aproximadamente 45 minutos pode solucionar o problema. Mas há ocorrências mais complexas e que requer outros procedimentos a serem realizados por cirurgiões qualificados. Há instituições em África, que capacitam profissionais da saúde e voluntários, como as parteiras, com essas técnicas especializadas.
É comum no pós operatório que que a paciente precise manter um cateter ligado á bexiga por algumas semanas e aprenderá a fazer exercícios pélvicos para fortalecer seus músculos. Mesmo após o reparo por intervenção cirúrgica a mulher não fica impedida e tornar a dar á luz a crianças saudáveis no futuro, desde que recebam cuidados de pré natal.
O treinamento de parteiras é essencial pois ajuda as mães a terem partos tranquilos, seguros e humanizados. É fundamental, pois na avaliação primária esta conseguirá identificar, necessidades, riscos e dificuldades que fará com que a parturiente tenha uma atenção e atendimento mais específico, e esta solicitará apoio técnico.
É necessário o acompanhamento não apenas obstétrico, cirúrgico e psicológico, mas também do apoio e assistência do marido e/ou companheiro, assim como dos demais familiares, para o sucesso pleno e recuperação desta parturiente, que estará muito fragilizada naquele momento.
MULHERES NO BURUNDI AINDA SOFREM COM FÍSTULA OBSTÉTRICA
NOTA : A ONU INSTITUIU EM 23/05/2013, COMO O PRIMEIRO DIA INTERNACIONAL PELO FIM DA FÍSTULA OBSTÉTRICA.
A CONDIÇÃO AFETA 2 a 3 MILHÕES DE MULHERES DE NAÇÕES EM DESENVOLVIMENTO, MAIORIA EM PAÍSES ÁRABES, AFRICANOS e ASIÁTICOS.
SEGUNDO O FUNDO DA ONU PARA POPULAÇÃO (Unfpa), APESAR DE SER POSSÍVEL PREVENIR E TRATAR A FÍSTULA VAGINAL, MAIS DE 50 MIL CASOS OCORREM POR ANO. A FERIDA PODE SER TRATADA COM UMA OPERAÇÃO E OS CUSTOS DO TRATAMENTO E PÓS-OPERATÓRIO SÃO EM TORNO DE US$ 300. MAS MUITAS MULHERES DESCONHECEM A INFORMAÇÃO OU NÃO PODEM PAGAR PELA CIRURGIA.
Fonte: ONU/Unfpa/MSF/BURUNDI